[P.U] Exame de Admissão U.A - Tenshin

HP: 100/100 | MP: 100/100

Dia um. Tenshin correu em direção à U. A. com um sorriso no rosto. Os seus irmãos de orfanato gritavam das janelas, desejando-lhe boa sorte. Os acenos ficavam para trás, mas a congratulação aquecia o coração e a mente daquele jovem determinado.

- É a minha chance. É o meu dia. – Murmurava para si.

Aquele era o momento da primeira prova, o primeiro exame. O teste mental, exercícios pelos quais ele tinha estudado por um período de tempo que sequer lembrava mais. Contas, dados, informações, toda sorte de conteúdo pairava em sua mente, aguardando para ser usada naquele desafio.

Encontrar sua sala para a realização não foi difícil. Trespassar todos os candidatos, sim. Pessoas de tantas etnias, diferentes sexos, entretanto, na mesma faixa etária. Jovens.

A prova era de uma complexidade terrível, sim. Mas quem estudava conseguia dançar. Tenshin serpenteava pelas questões de lógica, linguagem, matemática, geografia, tática, primeiros socorros. O heroísmo, a legalidade. Eram conceitos iniciais, básicos, para os que ainda viriam no ensino da escola.

Os resultados sairiam dali a alguns dias. Não havia nervosismo na mente do jovem. Sabia que conseguiria a pontuação suficiente.

Seu nome fora revelado na lista dos qualificados para a prova de aptidão física – e era essa a que mais importava.

Era hora de provar o poder de Zênite.


O dia estava ensolarado. Nenhuma nuvem no céu. Um dos verões mais quentes de todos até então.

Um portão gigantesco separava o cenário dos participantes. Cerca de outros trinta jovens, garotos e garotas, se preparavam para a destruição de incontáveis robôs do lado de dentro.

A simulação era a de uma invasão robótica naquela cidade falsa. E quanto mais robôs fossem derrotados, mais pontos eram coletados. Havia certa diversidade entre as máquinas. Uns davam mais pontuação do que outros quando finalizados. Tenshin tinha memorizado alguns, mas a ansiedade para começar era demais. Seu coração nunca batera tão forte. A congratulação de seus irmãos ainda ecoava em sua mente.

- 3... 2... 1... GO! – Os portões se abriram, liberando o início da competição.

Da partida já poderiam ser vistas Individualidades distintas sendo ativadas e utilizadas. Pessoas que saltavam inacreditavelmente longe, corriam estupidamente rápido e, até mesmo, voavam.

Tenshin manteve-se no chão como muitos. Olhos amendoados caçando pelos becos. A figuração daquela cidade era impressionante. Prédios reais, carros reais, estabelecimentos reais. Era imenso.

Ruas se cruzavam, avenidas e rodovias se trespassavam. Se fosse jogado ali sem saber o contexto, acreditaria piamente que estava numa cidade abandonada.

Os primeiros sons da batalha foram ouvidos. Metal contra metal, explosões, concreto sendo destruído. Não estava tão longe, mas o garoto preferiu não dar ouvidos.

Separou-se dos demais, buscando um inimigo. E o encontrou.


O robõ era todo pintado de preto. Tinha características humanóides e atacava um carro qualquer com os punhos de ferro. Tenshin lembrou-se de sua figura da explicação prévia. Aquela máquina custava poucos pontos, mas já dava para começar.

O garoto avançou. Seria a primeira vez que usaria suas habilidades contra alguém. Contra algo. Seria a primeira vez que faria isso de forma genuína, com tal intuito, e não acidentalmente.

Sentiu os raios de luz solar banhar seu rosto pálido. Permitiu que a energia fluísse por seu corpo. Ele tinha treinado isso antes, não conseguira fazê-lo por completo, mas talvez fosse o suficiente.

O calor solar envolveu seus punhos. Eles brilhavam em amarelo e laranja.

- Ei! – Chamou o robô. A lata quadricular virou-se em sua direção e ergueu os membros superiores a fim de esmagar o jovem.

Tenshin aproximou-se e, na hora certa, saltaria para trás numa esquiva fenomenal. Porém, falhou. Não era tão habilidoso quanto pensava, afinal. Era apenas uma criança. Faltaria muito para ser ágil e rápido. O soco não foi capaz de atingir o aspirante a herói, mas o impacto gerado no asfalto fez com que ele fosse arremessado alguns metros dali, rolando na calçada.

Os primeiros hematomas surgiam. O braço e joelho direito tinham sido ralados, sangue escorria de um corte na testa. Tenshin riu. Não era megalomaníaco, mas era rir ou chorar de dor. Preferiu mostrar os dentes e avançou mais uma vez.

Em todo esse processo a energia solar ainda era canalizada para suas mãos. Então, o calor emitido pelos punhos fora imenso. O garoto contornou o robô se escondendo atrás do carro. A máquina se mostrou lenta o suficiente, pesada demais para acompanhá-lo.

Tenshin usou a roda do veículo para subir no porta-malas e, depois, no teto do sedan. Estabeleceu-se na mesma altura que a cabeça do oponente e se deixou levar.

Dobrou os joelhos e impulsionou-se com as duas mãos para frente. Uma teve intuito de agarrar e a outra, inocentemente, de socar. Ambas, entretanto, causaram seu respectivo dano.

O calor era tanto que conseguira ampliar o impacto do soco, mesmo que fraco, do pequeno. E a palma estava fervilhando a ponto de entortar a lataria, estalando a cabeça da autômato de forma que não deveria estalar, estourando os circuitos internos do “cérebro” robótico.
O humanóide foi ao chão brutalmente. Tenshin caiu sobre sua lataria, num impacto doído, mas conseguiu se recuperar.

Era muito mais difícil do que parecia. Tinha derrotado um robô apenas e todo seu corpo já sentia o cansaço de como se tivesse corrido uma maratona. A determinação diminuia de velocidade.

Queria desistir, queria deixar tudo de lado. Fizera seu melhor.

Mas não teve opção. Outro ser metálico surgiu na esquina e, sem chance de resposta, Tenshin foi alvejado por um míssil teleguiado.

O projétil explodiu num hidrante. A rua se transformara numa confusão de fumaça, concreto, metal e água por toda parte.

Os tímpanos de Tenshin sofreram com a explosão. Após o estampido, conseguiu escutar apenas um silvo constante e irritante. Aos poucos o som ambiente foi voltando. Contudo, além da dor por todo o corpo, seus ouvidos doíam como nunca e fragmentos de pedra e metal penetraram diversas partes do corpo do garoto.

Aquele teste poderia ser, de fato, mortal.


- Levanta! – disse alguém. – Vamos, levanta!

Tenshin sentiu um toque em seu peito, outro em sua têmpora. A suavidade trespassou por seu corpo. Sentiu um sabor doce na boca. Abriu os olhos, muitas das dores haviam sumido, ainda que os hematomas reinassem pelo tronco e braços.

- Q-quem é você? – Conseguiu dizer. Apoiou-se na garota, que ajudou a erguê-lo.

- Hyerin. Não importa. Precisamos ir logo, consegue correr?! Ele vai lançar outro míssil!

Uma iluminação surgiu na mente de Tenshin. Lembrou-se da explicação do instrutor antes de iniciarem o teste: auxiliar os outros também garantia pontos. Era o que a menina estava fazendo. Utilizando sua Individualidade para, ao que parecia, curá-lo.

Tenshin sentiu uma onda de força de vontade disparar em si. Viu um pedaço de pedra no chão, tinha o tamanho de sua palma. Canalizou a energia solar no bloco e localizou o inimigo.

Outros participantes ajudavam a distrair o robô. Ele disparou um míssil contra um garoto franzino que apenas mirou ambas as mãos contra o projétil que, se os olhos de Tenshin não o enganavam, diminuiu até desaparecer antes de atingir o jovem.

Em sua palma a pedra já estava em chamas. Uma pequena bola de fogo. Tenshin correu, tomou impulso, girou o braço e arremessou a pedra com o máximo de força que tinha.

O impacto não foi muito, mas danificou o peito da máquina que, ao receber esse e outros ataques, foi obliterada. Tenshin não sabia se aquilo contaria como ponto para todos e, de qualquer forma, só partiu para o próximo.


Dezenas de minutos depois a prova se encerrava. Perdera a conta de quantos robôs tinha atacado. Não tinha certeza quantos cortes sangravam por seu corpo, quantas costelas tinham sido esmagadas e se ainda conseguiria escutar com o ouvido direito. Numa passada ao banheiro percebeu que estava irreconhecível, o rosto completamente inchado.

Mas não era o único. Outros participantes saíam do cenário em macas e ambulâncias – essas, reais.

Tenshin só torcia para que tivesse sido suficiente. Clamava por ter conseguido pontuação o bastante.

Era a primeira fase de muitas da sua vida. Era o primeiro passo rumo ao estrelato. Rumo ao topo.

O resultado seria divulgado. Juntou as palmas, estreitou os olhos e começou a procurar por seu nome na lista de aprovados...

Regras do Exame: