A Morte espera ao lado da Fome // Missão Nível J // Zero Kinowa

Um beco que tem em quase toda cidade, constituído principalmente por pessoas sem nem mesmo um Yen para comprar seu sustento no fim do dia,  seres de más intenções que se intitulam como vilões e algumas boas almas tentando sobreviver e levar um pouco de prosperidade aqueles que compartilham sua miséria ao fim do dia, um deles era Zero.

Já a 5 anos nas ruas de Tóquio sem sua família, o garoto permanece vivo com seu instinto, priorizando a sobrevivência e diversas vezes encontrando meios para ajudar seus compatriotas com o pouco de comida que conseguiu roubar. Algo digno de um heroi, se não exigisse o roubo de outras pessoas durante o processo, mas quem iria ajudar aquelas pessoas? Depois de tanto anos, o já adolescente tinha aprendido que esperar ajuda vindo daqueles que tem tudo, é uma perca de tempo.

O sol brilhava, escaldante, ressecando a pele daqueles que não estavam cobertos pelos poucos telhados localizados no beco. Zero acorda as 15:31 após um gato que estava passando pelo telhado arrancar uma pequena parte do mesmo, fazendo com que um pequeno, porem suficiente raio de luz atingisse sua face, o acordando naquela "bela manha" para apreciar a "bela vista" de mais um dia de merda.

Em claro na ultima noite tentando encontrar comida, todavia sem sucesso, sua barriga roncava e com as forças que recolheu após alguns minutos deitado, o mesmo se levanta com seu corpo levemente fraco que implorava por alguma comida. Sem muitas opções a não ser o roubo, o garoto avista a sua frente duas opções assim como outras três em sua mente.

1° Opção Visível: Alguns dos "seus" tinham um pouco de comida, parecia estragada e estavam dormindo, mas comida é comida.
2° Opção Visível: Um homem com roupas de cidadão classe media comida uma marmita despreocupado enquanto observava as pessoas ao seu redor.

1° Opção Mental: Um novo e pequeno mercado tinha acabado de ser aberto na redondeza, somente 1 funcionário e com baixa movimentação de clientes.
2° Opção Mental: O shopping do local, cheio de pessoas desatentas e que só sentiriam a falta de suas carteiras ou itens da sacola ao chegar em casa.
3° Opção Mental: Procurar mais opções.

Sem muito tempo para continuar refletindo suas opções, uma pequena garotinha já conhecida por Zero chega ao local, dizendo algumas palavras enquanto de leve a calça do garoto para chamar sua atenção: "Zero... Estou com fome..." - Aquilo pesava no coração do garoto apesar do tanto que amadureceu nesses difíceis 5 anos, agora só restava Zero tomar alguma decisão sobre o que fazer.

Status:

Considerações:

Estava no escuro há alguns minutos. Ninguém mais passava por ali não fossem os miseráveis os quais convivia. Era como se fosse a primeira vez. Meu estômago roncava e meu corpo se cansava mais a cada instante. Havia caminhado para alguns quarteirões a frente, evitando fazer esse tipo de roubo próximo onde eu residia. A corrente em minhas mãos balançava com o vento frio, quase que me sugerindo fazer algo mais escandaloso. Recuei, voltando meus passos para uma rua sem luzes. Era um lugar que ligava à parte de trás dos prédios e restaurantes. Cachorros arranhavam as portas e latiam, pedindo por comida. Vez ou outra um rapaz vinha e entregava a eles alguns restos podres com sorrisos no rosto, mas não hoje. Algo me dizia que aquele dia Deus desejava que eu fosse à cama faminto.  Olhei para as estrelas, pensando se um dia eu poderia sair desse lugar, talvez viajar o mundo. O sonho de um moribundo. Ao meu lado a criatura apareceu, silenciosamente. Um frio correu por minha espinha, como se cada pelo do meu corpo tivesse se arrepiado.  Não tinha expressões ou sequer um rosto, sua forma transitava de um animal pequeno a um humano comum, como um holograma. Em suas mãos uma lâmina reluzia com um vermelho-sangue instigante. Senti sua fúria, uma revolta crescente. Era a de todos nós amplificada. Não com a situação, mas com o próprio mundo. Perguntei-me se algum dia aquilo era o que me tornaria. Ele aproximava o item de mim, uma adaga. Mas eu sabia que não seria atingido. Eu não era o alvo. Em alguns piscares de olhos ela estava em minhas mãos. Seu cabo era leve como uma pena e o fio afiado como uma navalha, cortando o ar toda vez que a movimentava. Olhei novamente para a figura, que aguardava alguma resposta minha. Estava me chamando para algo grande. E aí eu acordei.


Um raio de luz iluminava meu rosto, incomodando-me mais uma vez para levantar e passar pelas mesmas humilhações. Ao meu lado alguns pedaços de papelões os quais chamava de lençóis estavam jogados, como se tivesse tido um sonho violento. Parei alguns instantes, lembrando-me da noite passada e de mais um fracasso. Mais um dia longe de ser alguém memorável. Era quase que melancólico lembrar que um dia as coisas não foram assim para mim, que tivera uma família e comida todos os dias. Antes que pudesse soltar qualquer comentário de agonia ou descer a primeira lágrima a fome gritou. Me impulsionei, tentando me manter de pé vagarosamente. Senti-me fraco e sem muitas opções. Balancei meus cabelos, tentando retirar o máximo de sujeira que era possível. Um velho hábito para afastar os maus espíritos da noite que enfrentaria daqui há algumas horas. Ali perto, um rapaz comia de marmita, observando todos ao seu redor. Eu não gostava de roubar, mais pela dificuldade do que pela dignidade. Agora então minha fadiga me limitava. Sequer conseguiria cagar uma corrente se reunisse todas as minhas energias. Haviam algumas outras alternativas, não muito mais fáceis. Eu não conseguiria fazer muita coisa se fosse pego, tanto correndo quanto resistindo. Me vi na obrigação de tentar algo de menor risco. Foi como uma benção que a menina veio. Um anjo de barriga seca.

Fitei-a tentando sorrir mesmo sem ter motivos para isso “Vou dar um jeito.” Não poderia deixa-la com fome, mas também não poderia esquecer de mim. Havia algumas ideias em minha mente, mas não conseguiria fazer isso sozinho ou sem energias. Visei o homem com a comida. Não sabia se ele era forte ou sequer se era um dos delinquentes que vagavam pelas ruas, os chamados vilões.  Mas eu não era tão inocente assim. As chances de pedir e receber eram baixíssimas, poucas vezes em meus anos de rua havia presenciado situações assim. Ao menos se fosse eu o pedinte. “Tá vendo aquele rapaz ali? Você já viu ele antes ou sabe quem é?” questionei à garota. Afinal, se tem alguém que conhece o povo são os mendigos. Se ela nada recordasse, colocaria minha estratégia em pauta. Pediria que ela se dirigisse a ele, implorando por comida. Na possibilidade dele negar, por ter um certo movimento de pessoas o qual ele observava, seria a chance dela berrar e pedir por ajuda, como se ele houvesse roubado a sua comida. Observaria a sua ação ao longe, correndo para ajudar caso ele tentasse sequestra-la ou se eu fosse visto ou visado. Caso ele fosse somente agressivo, aguardaria. Somente agiria em caso mais grave, por mais que gostasse dela. Optaria por não me expor, tentando parecer o mais neutro possível. O objetivo era que ela conseguisse a marmita e que dividíssemos o alimento. Com um pouco da fome saciada, poderia prosseguir minhas ações e tentar algo mais eficiente.

A situação em que Zero se encontra não o permite tomar decisões que possam arriscar sua vida, já que mal teria meios de resistir a isso, optando que, por mais covarde que alguns possam dizer que é se esconder atrás de uma pequena garotinha, era de fato uma das melhores opções do momento para que Zero, assim como a garota, possam sobreviver naquela situação.

Prestando atenção nas palavras de Zero, a garota o responde com um pouco de medo: "Mamãe sempre disse que aquele homem é perigoso, ele não gosta de garotos." - Pensando brevemente no que acabou de dizer, a garota sorri, complementando a própria frase: "Mai é garota! Então ela pode falar com ele!" - Terminando de proferir as palavras, a garota corre em direção ao homem e pela grande empolgação que sentiu, ignorando qualquer coisa que você pudesse falar para tentar impedi-la

Zero estava um pouco longe, mas não o suficiente para não conseguir ouvir a conversa, permanecendo neutro, como um mendigo qualquer no beco. Sem muita demora, os dois começam a conversar, aparentando não ser nada mal.

"Olá moço perigoso!" - Exclama a garota com empolgação, sem pensar em suas palavras.

"...Olá." - Respondendo homem em questão, não parando nenhuma de suas atividades, nem mesmo para olhar para a garota.

"Mai não ser garoto, então você pode dar comida para min?" - Diz a garota, novamente reforçando o que sua mãe lhe disse sobre o desconhecido, por mas que isso não faça sentido nenhum.


"Por que você ser uma garota faria eu te dar uma comida?" - Diz o homem, logo após prestando atenção na frase de duplo sentido que acabou de dizer, soltando uma risadinha. Pegando a marmita quase no fim e entregando a garota, o mesmo se levanta, deixando seu cabelo, ou melhor, peruca cair.


"De novo... Ainda bem que vou morrer logo." - Diz o homem com sua expressão voltando a ser vazia, pegando a peruca que por essa frase anterior, não foi a primeira vez que caiu, se retirando do local e deixando a pequena garota, que por sua vez, estava confusa, observando o homem enquanto o mesmo terminava de sair do beco.

Enquanto essa conversa acontecia, alguns dos outros moradores de rua, começaram a acordar pelo mesmo motivo que o seu, parecia que a diversão do gato era jogar raios de luz no rosto de pessoas pobres. O beco começa a ficar levemente mais movimentado, sendo que uma das pessoas que acabará de acordar, rouba comida estragada que Zero viu enquanto considerava suas opções, parece que o dorminhoco de plantão irá ficar bem bravo quando acordar.

Bom, apesar de tudo, aparentemente o plano de Zero foi um sucesso, a garota conseguiu a comida, entretanto pouca, mas ainda não tinha comido pois estava tentando raciocinar o por que o homem tinha cabelo e ao mesmo tempo não tinha.

Status:

Assisti tudo ocorrer ao fundo, tentando não chamar qualquer atenção. Se o rapaz percebesse que a comida seria para mim também teríamos problemas. Respirei fundo quando ele saiu do beco. Feliz por tudo ter ocorrido conforme planejava. Mai estava com a marmita em mãos, paralisada por conta de algo. Ao meu redor algumas pessoas já se movimentavam, acordando para mendigar mais uma vez. Era o nosso dia a dia. Muitos ali tinham uma destreza invejável e uma lábia superior a minha, seriam bem sucedidos no mundo dos negócios se tivessem alguma oportunidade. Mas nada fazíamos a não ser roubar e furtar para sobreviver. Era o tipo de pessoa que eu convivia e me tornara. Larápio e charlatão. Vez ou outra encontrava pessoas como a garota, almas boas que não merecem à sede que sentem. Falei para mim mesmo que arranjaria mais comida. Caminhei em sua direção, tentando agir o mais naturalmente possível. Se algum outro ali identificasse para onde eu estava indo, poderia acabar perdendo a marmita. Iria chamá-la para o canto, tentando me distanciar dos outros moradores de rua mesmo que tivéssemos de ir para a avenida ou algum outro beco, preferencialmente ao lado contrário o que o senhor havia tomado. Iria analisar a quantidade de comida, buscando dividir com ela. Tentaria pegar a maior parte, tendo em vista que se algo desse errado no próximo passo eu tivesse energia o suficiente para correr. Prometeria a ela que ela teria o lanche que quisesse.

- Vamos conseguir mais comida, eu prometo. Vem comigo e me ajuda. Vamos pegar comida para sua mãe também. - Terminaria de comer e aguardaria a resposta dela. Tentando convencê-la a vir comigo para procurar mais alimento. Além de eu precisar de mais, a mãe dela também deveria estar na nossa mesma situação. Caso alguém tentasse algo contra ela ou nossa comida, reuniria minhas forças para correr ou ao menos resistir. Não poderia deixar uma oportunidade como aquela ir embora.

Com cautela perante a situação de todas as pessoas que ali passavam fome, Zero conversa brevemente com a garota, tentando a tirar dali antes que fossem roubados pelos que estavam ainda mais famintos que ele ou a garota. Por sorte, morador de rua que acabou de ter sua comida roubada, mesmo que estragada, acorda, começando a causar um tumulto para descobrir quem o roubou, uma chance perfeita para ambos saírem dali e irem ate uma avenida levemente mais movimentada, em vista que 80% dos japoneses estavam trabalhando neste horário.

A menina ansiosa com o sucesso que obteve em conseguir a comida, a reparte com Zero, não hesitando em lhe dar a maior parte, mas respondendo a frase do mesmo em quesito a sua promessa enquanto Zero comia: "Mamãe não se mexe a mais de.. " - A garota conta aquilo sem perder a expressão animada, contando em seus dedos alguns números ate retomar a frase: "9 dias, disseram que ela morreu, mas Mai não ficar triste, por que a mamãe sempre vai estar com Mai!"

A garota termina de dizer aquela noticia com um sorriso, que para a surpresa de Zero, um camaleão gigante atrás da mesma se revela ao parar de usar sua "invisibilidade", podendo ser isso que ela quis dizer com "a mamãe sempre vai estar comigo", já que Quirks costumam passar hereditariamente, após alguns segundos o camaleão desaparece por falta de nutrientes no corpo da garota.

Antes que o garoto pudesse começar a convencer a garota de ajuda-lo a conseguir mais comida, um homem de terno se aproxima, saindo do estabelecimento atrás de vocês e emplacando uma conversa enquanto olha diretamente para Zero.



"Ei garoto... Você parece forte e determinado, deve ser difícil morar na rua. Que tal um trato? Você me da a garota e eu te dou 1.000 Yen mais esse pão, é um bom trato não é?" - Diz o homem com um olhar certamente suspeito, segurando o dinheiro em uma mão e um pão com mortadela na outra. Zero podia sentir a intensidade perversa do homem, assim como a força com que ele segurava os "prêmios" que iria dar a ele, para que assim não fosse roubado.

Status:

Respirei fundo, sentindo-me melhor após ter comido o restante da marmita. Estávamos longe de onde dormíamos, cercados por outros cidadãos que caminhavam apressados. Dei um leve sorriso ao ver que Mai também estava mais satisfeita, mesmo que não fosse o suficiente para tirar nossa fadiga. Olhei para minhas mãos, sentindo que não conseguiria fazer muita coisa ainda. Só mais um pouco. Era triste saber que a sua mãe havia falecido. Ela não tinha mais ninguém. Sorri, tentando encorajá-la. "Vou sempre proteger você também!" prometi. Quase que como uma provação dos céus o rapaz chegou, oferecendo uma solução para muitos dos meus problemas. Mas era um preço alto. Mais alto do que eu poderia pagar. Estudei seu olhar suspeito, com raiva acima de tudo. Coloquei-me a frente de Mai, me pondo entre ela e o rapaz.

- Se morasse na rua também saberia que a vida dela vale mais que a sua. - Brandi cerrando os punhos. Não poderia entregá-la assim. Colocaria a mão no ombro da menina, a chamando para continuar nosso caminho. Caso o rapaz reagisse de maneira agressiva, priorizaria a integridade física da menina, fazendo o que pudesse para não deixá-lo segurá-la ou levá-la. Na oportunidade de qualquer confusão, agarraria o pão e me colocaria a correr junto a ela. Na hipótese de prosseguir meu trajeto normalmente, tentaria caminhar para à rua novamente. Caso o rapaz nos seguisse, teríamos ajuda dos outros mendigos. Não pela amizade, e sim pelos Yens que poderiam ser saqueados.

O homem obviamente descontente com resposta do garoto, diz ao mesmo em voz baixa: "Vou me lembrar de uma peste igual você quando me tornar influente na área, nenhum herói irá proteger vocês de min" - Termina de falar, entrando no estabelecimento que saiu anteriormente. Uma breve olhada de Zero era o suficiente para avistar um homem com uma fantasia de galinha nas redondezas, podendo ser este o "herói" citado pela figura mal intencionada.

A comida finalmente chegou com sucesso no estomago de Zero, que começa a sentir um pouco mais de disposição em seu corpo, não o suficiente para utilizar sua Quirk claro, mas certamente necessária para realizar algumas ações físicas. O dilema se voltava novamente, já que por mais que a situação tenha ficado menos apertada, ainda era a mesma situação.

A sede pesava mais no organismo de Zero do que sua fome, entretanto, a garotinha ao seu lado que parecia disposta a segui-lo por ai, estava aparentemente bem. Algumas opções visíveis e mentais surgem para o garoto assim como quando acabou de acordar.


1° Opção Visível: O herói Galinha ainda estava por ali, talvez pedir algo a ele seria uma boa ideia?
2° Opção Visível: Pessoas iam e vinham por ai, mas uma em especial estava parada, parecia olhar para Zero, entretanto, assim que Zero olhou de volta, piscando involuntariamente, os olhos daquela pessoa se tonaram negros a distancia, só voltando ao normal quando o garoto piscou mais uma vez.

1° Opção Mental Repetida: Um novo e pequeno mercado tinha acabado de ser aberto na redondeza, somente 1 funcionário e com baixa movimentação de clientes.
2° Opção Mental Repetida: O shopping do local, cheio de pessoas desatentas e que só sentiriam a falta de suas carteiras ou itens da sacola ao chegar em casa.
3° Opção Mental: Voltar para a viela em que estava para procurar por algo.
4° Opção Mental: Procurar mais opções.

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